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sábado, 2 de junho de 2012

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Luiz Ferreira do Nascimento, o Nando Bacalhau, não é um traficante comum. O chefe do Morro do Chapadão, em Costa Barros, uma das áreas mais violentas do Rio, usa aparelho nos dentes e tem fisionomia de “playboy”, como dizem os policiais. Nando não aparece nas fotos com olhos arregalados e expressão de casca grossa. Pelo contrário. Costuma exibir um largo sorriso. E, ao contrário de outros bandidos, possui até perfil no Facebook, onde posta fotos com familiares.
Apesar das aparências, Nando se tornou um dos homens mais procurados do estado. Com mandados de prisão por tráfico de drogas, associação para o tráfico e porte ilegal de armas, o bandido é acusado de participar de uma chacina em outubro de 2010, deixando cinco mortos e 12 feridos em São João de Meriti, na Baixada.
— A história dele é sangrenta — disse um policial.
Após a pacificação no Complexo do Alemão e na Mangueira, o isolamento geográfico da área serviu de refúgio aos principais traficantes da facção. Fortalecidos, os criminosos passaram a agir dentro de um condomínio residencial na Estrada do Pau-Ferro, composto por 16 blocos de 12 andares cada. Ao todo, 768 famílias se tornaram reféns do crime. Segundo a polícia, homens armados circulam por lá.
Como resposta à ação do tráfico, o 41 BPM (Irajá), batalhão da área, faz operações semanais na área. Em quatro ocasiões, 19 escolas ficaram sem aula, prejudicando mais de cinco mil alunos. Há duas semanas, o Batalhão de Operações Especiais (Bope) trocou tiros com homens de confiança de Nando, deixando quatro mortos. Entre eles, Jean Pinheiro Laranjeira Duarte, de 24 anos, e Pedro Henrique de Oliveira de Souza, de 28, que pertenciam ao Bonde do Mão, responsável por roubos de carros e assassinatos de policiais. Também morreu no dia um sobrinho do traficante Ricardo Chaves de Castro Lima, o Fu, da Mineira, um dos chefões do tráfico no Rio nos anos 90.
Segundo a polícia, Nando estava no grupo. Escapou ao correr no sentido contrário ao dos comparsas. Com as mortes, Nando teria ido ao Jacarezinho para buscar novos soldados para preparar ataques contra policiais.
O traficante sempre aparece com cordões de ouro: obsessão
O perfil de Nando Bacalhau no Facebook possui sete fotos do traficante. A maioria, ao lado da namorada, 14 anos mais nova. A loura, que completou 18 anos em abril, exibe um cordão de ouro no pescoço numa delas, com as iniciais dela e do traficante.
O gosto por cordões de ouro não aparece apenas pelas imagens. Em diálogos no Facebook, no dia 5 de maio, ele negocia a troca de um fuzil por ouro, para um cordão.
Ele puxa o assunto com “Novinho do Mandela”, como identifica o amigo. “ai vc nao tem umas gm (gramas) de ouro nao to qereno (sic) fazer um novo cordao”, escreveu. “mais aruma (sic) a balança”, advertiu. “valeu meu mano novinho mais tarde teu 762 ta ai com vc mais eu qero (sic) minha 200 gm de ouro”, concluiu, em conversa num intervalo de 36 minutos.
Em outro momento, ele adverte num comentário o que seria um traficante de sua quadrilha, dizendo que, de cada “dez cargas”, o bandido estaria tirando três. Segundo Nando, o gasto do bandido subordinado seria todo com mulheres.
Nando Bacalhau, de 32 anos, possui três filhos adolescentes, todos com mulheres diferentes. Outro comportamento dele também chamou a atenção da polícia. Ao contrário dos outros chefões do tráfico, Nando não possui casarões luxuosos com piscina na comunidade de 12 mil moradores.
Um dos esconderijos descobertos pela polícia possuía 15 metros quadrados e foi construído entre as casas de moradores. Apesar do pouco espaço, o imóvel possuía eletrodomésticos modernos.

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